De que adiantaria o colorido cintilante das flores,
O sol pondo-se e tudo durando
A temperatura perfeita
O sutil acaso do encontro?
Mas de que, de que adiantaria
A imensa solidão em nossos corações,
Essa vontade gentil de amar, essa falta de calmaria,
Todas as belas poesias e a magia das canções?
Se não fossemos o que somos,
Exatamente com a inexatidão de cada,
Se não enxergarmos-nos como um sonho
Realizável plenamente tal qual uma graça?
E de que adiantaria
Reconhecer que nos amamos sinceramente,
Se não reconhecermos que a moral desta alegria
É construí-la diariamente.
Se nada é eterno,
E tudo se desfaz no ar finalmente,
Que nós amantes honestos
Reconstruamos o amor cotidianamente!
Guálter Alencar
Imagem: Artur Rackman