sexta-feira, 13 de agosto de 2010


O tempo passou
Tecendo em minha vida
Uma coberta prateada de sonhos
Suas rendas douradas
Enfeitaram meu mundo
Que se encontrava escurecido
Pelos descompassos do viver
Encontro em ti
No vento de tuas verdades
Impulso necessário para mover
A nau de meus desejos
Teus beijos
Afirmação dos meus medos
De viver na tua ausência
De morrer sem conhecê-los
Iluminada prenda de Deus
Tu és em minha existência
Afirmação com o divino
Com puro esquecer do ritmo
De um mundo que baila
Sobre uma canção
Que não apresenta mistérios
É nas raízes do teu amor
Que rasgaram a terra
A procura do ar que te faz crescer
Que me dou como alimento a tua crença e vontade
Para que faça da minha vida
A sua mais completa cumplicidade.

Guálter Alencar
Imagem : Egon Schiele

sexta-feira, 23 de julho de 2010




A perda consistirá
Quando se a tem com consciência?
O sinto do teu ortodoxismo
Jamais prendera teus instintos
Pois a lascívia gota que brota
Dos teus olhos depois do gozo
Traz a tona a traição do teu oficio

Boca,olhos,nariz e ouvidos
Esvai-se no alucinado labirinto de desejos
E quem em Sã consciência
Nunca quisera sufocar-se no prazer de famintos beijos

Se me arranca com volição
O movimento de minha cintura
Tatuando-me a pele com tua boca tão carnuda e rubra
Com olhos cerrados e marejados de pura volúpia
Descompassa meu louco, tão bobo e desenfreado coração

Amar alimenta com fulgor a chama
De minha intensa e nua vida
Esta que passa tão espontânea
Sem mesmo curar as feridas
Desta deliciosa,tão formosa e nem tão bondosa trama

Ai que a lasca do teu celeste vestido
Revela-me muito mais que o mundo
Entorpece e enaltece com abundancia meus sentidos
Em fantasias me faço tão singelo vagabundo

Das leis tão cheias de pudor desta vida
Ignoro e admiro os que fazem-se queridos e queridas
E com paciência e malicia
Roubam beijos de alforria

Deixem que os tolos sábios
Gritem, lastimem latão
Conceitue, fiquem,afirmem,neguem e partam
Enquanto isso buscaremos tocar os calorosos lábios
Do amor com as artimanhas da paixão

E que as peças de nossas roupas
Arrancadas ao fel de grande prazer
Vistam-nos de uma sincera nudez
Impossível de esconder.


Guálter Alencar

terça-feira, 22 de junho de 2010



Cálidos instantes ele abriga
Onde rorejantes de saudade varias vidas já partiram
Sempre disposto a receber quem se alucina
Em sua intimidade coletiva

É intimo e se revela
Revela-se um tanto para cada intimo
Porem quem prova do sumo da sua clausura cela
Parte sem amor e saudade como puro instinto

Uma estrofe engenhosamente metrificada
Com quatro versos levantados
Escrito pela dinâmica de cada um que se estala
Sendo um poema por todos assinado

Como um poema é mágico
Nas mãos de enamorados
Porem frio nas suas amálgamas linhas
Discreto e recalcado
Um quarto é como um poema
Uma intimidade que se revela
Um tanto para cada intimidade
Pois quem se abriga em seus versos
Ver a alma ser lida sem disparidade

O fato que todo quarto de hotel
Deveria ser um quarto-poema
Que escrevesse em nossas almas a cinzel
Que nos desvendasse cada qual seus dilemas

Deveria ter uma grande arvore rutilante
Carregada de poemas maduros
Que cada abrigado entendesse que o excitante
É ver que ali passam diversos mundos

Deveria também ter
Uma musica que não findasse
Para que cada um ser
Que por ali passasse
De tanta arte se empapuçasse

Como um poema que não se importa
Com quem chega ou estar partindo
Na frente de sua porta
Sempre terá que ter um grande bem vindo!

Guálter Alencar
imagem: Egon Schiele

sábado, 19 de junho de 2010


Eu sentava a beira da vida
Observando a imensidão de desejos de sua dinâmica
Conservava meu coração tranqüilo
Lembrando-me sempre que é no abrir dos olhos
Que se mantém a mais singela felicidade
Mas no intimo de minha alma
Eu a esperava reencontrar
Como um amado brinquedo de infância, que eu só lembrava que o amava
E me colocava a observar aquela imensidão diariamente
Certo dia alguém senta ao meu lado
E com uma voz aveludada e olhos cor de cobre
Fala-me:
-O mar nuca trouxe suas vitorias,
Seus tesouros e conquistas,
Sempre foi preciso navegar nesta vida
Sempre precisou fazer a historia.
Eu tropeçava em suas palavras
Observando aquele olhar, como de desejo antigo
E numa confusão de sentidos
Exclamo e interrogo:
-Prenda de Deus!? Luz!?
Com um doce sorriso fala-me:
-Triste não é na vida perder
Mas não colocar-se a ganhar
Por isso naveguei entre fracassos e vitórias
Até te encontrar.


Guálter Alencar

terça-feira, 15 de junho de 2010


Chegaste a minha vida
Vestida em um manto de saudade
Chamando-me a alma
Que se encontrava adormecida
Na fria solidão do dia-a-dia
Embora eu não a tenha recebido
Tu sentaste a beira do meu coração
Tecendo com paciência nossas lembranças
Eu tolo e cansado resolvo receber-la
Encontrando-a sorrindo
Um sorriso de afeto
Afirmando-me saber que eu encontraria o caminho
Ao me apresentar nossas lembranças
Tecidas com paciência de quem ama
Incondicionalmente
Desabrocho num choro infantil
Tomaste em suas mãos minhas falhas
Retornando-me um vasto companheirismo
Meus fracassos dissolvidos na justiça de suas doces palavras
Palavras de mãe, irmã e filha,
Palavras de companheira
Com um beijo retido
Na imensidão do passado
Arranca-me o sossego
Colorindo os átrios de minha vida
Com tuas musicas de incontáveis tons e melodias
Que trazes tuas lindas sinfonias
Arranjadas com carinho e cuidados
As tuas cores inundam meu coração de afeto
Meu pobre coração de poeta desvairado
Que em vão vive as mazelas
De quem só vive de desejos descuidados
E hoje sem nenhum receio
Abro as janelas de meus devaneios
E quem passa pode perfeitamente ver
Que existe uma linda flor em meu viver
Que de paixão me tomas por inteiro

Guálter Alencar

imagem:Kakhbad

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Conserva esta economia de gestos
Essa exatidão de teu olhar
O bailar de tuas poucas palavras
Tão singelas quanto suas mãos
Passeando no espaço
Como se dançasse ao som do vento
E dos sussurros do meu ser

Seus olhos são como dois lindos lagos
Que só revelam em suas margens
Os excessos que comprimem
As quiromancias e as exageradas

juras de enamorados

Esta insegurança que te faz

Tão volátil quanto um favo de nuvem

Tão desejável quanto um fim de mistério

‘’Deus, ouro e glória’’


Se sua timidez
Encobre-te a alma
Como uma grinalda
O rosto da amada
Que eu possa com a brisa
De minhas verdades
Delicadamente descobri-la
E tal qual a ‘’peregrina’’
Desbravar tua imensidão
Recebendo o que me é doado
Até sentir-me um bergantim
Diante de tamanha inexatidão

Pobre do amor capaz de ser medido
Medido seja o amor capaz de ser de um pobre amor: mendigo

Guálter Alencar