segunda-feira, 5 de março de 2012


Pai
Um dia um grande guerreiro bate a porta de um velho sábio.
- Senhor,venho humildemente, perguntar-te o que é o amor?
O ancião pensativo o responde:
- É o maior mistério da humanidade.
- Senhor, sabes que sou um guerreiro, forte e vitorioso, enfrentei em minha vida grandes batalhas e quanto maior era o obstáculo maior era a minha imponência diante dele para vencer-lo. Mas agora sinto-me pequeno e desprotegido,senhor , minha esposa espera um filho. E o que sinto é tão imenso ,como pode algo abalar-me o coração tão imensamente ?
O ancião o leva até um jardim cheio de flores cintilantes e mostra-o uma Flor-De-Lótus linda e perfumada.
- O mundo é uma imensidão de sentidos ,os homens são bons e o homem por vezes é mau,mas filho em meio a tudo isso o amor desabrocha sem se enlamear como essa flor-de-lótus que rebenta do solo sem sujar-se.O amor estar entre nós não importa em que quantidade ele sempre vigorará. Cuida para que essa flor desabroche sem perder a grandeza celeste, a naturalidade da beleza, a humanidade que há em si.Esta mulher meu jovem tal qual nós pobres humanos assim chamamos tornara-si uma semi-deusa pois em seu ventre miraculoso gera-se uma vida, este invólucro amoroso guarda um ser capaz de amolecer-te o coração e derrotá-lo com um sorriso.
- Por isso filho volta para casa e leva consigo uma flor cedida e clama homem de joelhos e respeitoso para que escute teus ais para que ela te ensine um pouquinho o que é ser mãe
para que tu sejas um grande pai.
Guálter Alencar

Imagem:Mary Cassatt

sábado, 16 de julho de 2011




De que adiantaria o colorido cintilante das flores,
O sol pondo-se e tudo durando
A temperatura perfeita
O sutil acaso do encontro?


Mas de que, de que adiantaria
A imensa solidão em nossos corações,
Essa vontade gentil de amar, essa falta de calmaria,
Todas as belas poesias e a magia das canções?


Se não fossemos o que somos,
Exatamente com a inexatidão de cada,
Se não enxergarmos-nos como um sonho
Realizável plenamente tal qual uma graça?

E de que adiantaria
Reconhecer que nos amamos sinceramente,
Se não reconhecermos que a moral desta alegria
É construí-la diariamente.

Se nada é eterno,
E tudo se desfaz no ar finalmente,
Que nós amantes honestos
Reconstruamos o amor cotidianamente!



Guálter Alencar




Imagem: Artur Rackman

domingo, 16 de janeiro de 2011


Trama da vida sensível
Cálice de desejos e razões
Corpo e alma envoltos no dialético véu
Que cobre as gerações

Dois corpos que se degladeiam
Ao mesmo tempo em que se influenciam
São duas chamas que incendeiam
Determinas por uma construção do dia-a-dia

A mais ardente nasce
Da forma ‘’individual’’de ver o mundo
Ao passo que o movimento da sociedade
Influencia o resultado deste sentimento profundo

Forja-se diariamente
Do resultado individuo/sociedade
Essa interação permanente
Faz dinamizar o produto desse combate

Desejo humano prolixo
Que balanceia essa cadeia de realizações
A forma ‘’pessoal ‘’ de se compreender o mundo materialmente vivo
Também nasce de uma experiência social e histórica de gerações
Ao passo que a palavra pessoal perde o sentido
Por ser em partes uma situação forjada por uma interação social de ações
Fazendo que a forma ‘’pessoal’’ que modela cada individuo
Se forje pela forma de interagir com um conjunto social de visões.
Dialeticamente influenciadores
Pela forma ‘’pessoal’’ de se interagir como meio
A forma que se condiciona esses antagônicos fatores
Determinam os sentimentos humanos como resultados do movimento social inteiro

Se uma fatia dessa ramificação
É fruto dessa interação
A outra é a necessidade física e fisiológica
Que influencia as tensões da paixão

Mas essa ramificação não seria o bastante
Para compor este sentimento
Tão complexo quanto excitante
Mas racional que o primeiro

Resultado de uma histórica construção
Determinada por cada sociedade
Que resultam nas necessidades que condicionam
O juízo de valor de cada particularidade

Conjunto derivado de interações
No seio da sociedade
Forjado por
valores que regulam ações e sensações
Particulares a cada localidade

E este reconhecimento
Que balanceia ou solidifica
Vários sentimentos
Para que não fiquemos a deriva
De espontâneos momentos

É esta particularidade
Que nos faz mais (des)humanos
Saber lidar com a pathos em sua realidade
Aniquilando quando quer e outras solidificando

O fato é que sem padrões para este balanceamento
Todo ser humano necessita
Para o seu ou não contento
Colocar em tudo essa graça da vida
O amor...

Guálter Alencar

sexta-feira, 13 de agosto de 2010


O tempo passou
Tecendo em minha vida
Uma coberta prateada de sonhos
Suas rendas douradas
Enfeitaram meu mundo
Que se encontrava escurecido
Pelos descompassos do viver
Encontro em ti
No vento de tuas verdades
Impulso necessário para mover
A nau de meus desejos
Teus beijos
Afirmação dos meus medos
De viver na tua ausência
De morrer sem conhecê-los
Iluminada prenda de Deus
Tu és em minha existência
Afirmação com o divino
Com puro esquecer do ritmo
De um mundo que baila
Sobre uma canção
Que não apresenta mistérios
É nas raízes do teu amor
Que rasgaram a terra
A procura do ar que te faz crescer
Que me dou como alimento a tua crença e vontade
Para que faça da minha vida
A sua mais completa cumplicidade.

Guálter Alencar
Imagem : Egon Schiele

sexta-feira, 23 de julho de 2010




A perda consistirá
Quando se a tem com consciência?
O sinto do teu ortodoxismo
Jamais prendera teus instintos
Pois a lascívia gota que brota
Dos teus olhos depois do gozo
Traz a tona a traição do teu oficio

Boca,olhos,nariz e ouvidos
Esvai-se no alucinado labirinto de desejos
E quem em Sã consciência
Nunca quisera sufocar-se no prazer de famintos beijos

Se me arranca com volição
O movimento de minha cintura
Tatuando-me a pele com tua boca tão carnuda e rubra
Com olhos cerrados e marejados de pura volúpia
Descompassa meu louco, tão bobo e desenfreado coração

Amar alimenta com fulgor a chama
De minha intensa e nua vida
Esta que passa tão espontânea
Sem mesmo curar as feridas
Desta deliciosa,tão formosa e nem tão bondosa trama

Ai que a lasca do teu celeste vestido
Revela-me muito mais que o mundo
Entorpece e enaltece com abundancia meus sentidos
Em fantasias me faço tão singelo vagabundo

Das leis tão cheias de pudor desta vida
Ignoro e admiro os que fazem-se queridos e queridas
E com paciência e malicia
Roubam beijos de alforria

Deixem que os tolos sábios
Gritem, lastimem latão
Conceitue, fiquem,afirmem,neguem e partam
Enquanto isso buscaremos tocar os calorosos lábios
Do amor com as artimanhas da paixão

E que as peças de nossas roupas
Arrancadas ao fel de grande prazer
Vistam-nos de uma sincera nudez
Impossível de esconder.


Guálter Alencar

terça-feira, 22 de junho de 2010



Cálidos instantes ele abriga
Onde rorejantes de saudade varias vidas já partiram
Sempre disposto a receber quem se alucina
Em sua intimidade coletiva

É intimo e se revela
Revela-se um tanto para cada intimo
Porem quem prova do sumo da sua clausura cela
Parte sem amor e saudade como puro instinto

Uma estrofe engenhosamente metrificada
Com quatro versos levantados
Escrito pela dinâmica de cada um que se estala
Sendo um poema por todos assinado

Como um poema é mágico
Nas mãos de enamorados
Porem frio nas suas amálgamas linhas
Discreto e recalcado
Um quarto é como um poema
Uma intimidade que se revela
Um tanto para cada intimidade
Pois quem se abriga em seus versos
Ver a alma ser lida sem disparidade

O fato que todo quarto de hotel
Deveria ser um quarto-poema
Que escrevesse em nossas almas a cinzel
Que nos desvendasse cada qual seus dilemas

Deveria ter uma grande arvore rutilante
Carregada de poemas maduros
Que cada abrigado entendesse que o excitante
É ver que ali passam diversos mundos

Deveria também ter
Uma musica que não findasse
Para que cada um ser
Que por ali passasse
De tanta arte se empapuçasse

Como um poema que não se importa
Com quem chega ou estar partindo
Na frente de sua porta
Sempre terá que ter um grande bem vindo!

Guálter Alencar
imagem: Egon Schiele

sábado, 19 de junho de 2010


Eu sentava a beira da vida
Observando a imensidão de desejos de sua dinâmica
Conservava meu coração tranqüilo
Lembrando-me sempre que é no abrir dos olhos
Que se mantém a mais singela felicidade
Mas no intimo de minha alma
Eu a esperava reencontrar
Como um amado brinquedo de infância, que eu só lembrava que o amava
E me colocava a observar aquela imensidão diariamente
Certo dia alguém senta ao meu lado
E com uma voz aveludada e olhos cor de cobre
Fala-me:
-O mar nuca trouxe suas vitorias,
Seus tesouros e conquistas,
Sempre foi preciso navegar nesta vida
Sempre precisou fazer a historia.
Eu tropeçava em suas palavras
Observando aquele olhar, como de desejo antigo
E numa confusão de sentidos
Exclamo e interrogo:
-Prenda de Deus!? Luz!?
Com um doce sorriso fala-me:
-Triste não é na vida perder
Mas não colocar-se a ganhar
Por isso naveguei entre fracassos e vitórias
Até te encontrar.


Guálter Alencar