quarta-feira, 4 de novembro de 2009


D.A


A noite quando a calma inunda a cidade
Me debruço nos teus labirintos
Tranqüilo, pensativo ,de mãos dadas com a solidão
Escutando os gemidos dos canos, dos estralados das arvores
Dos animais noturnos
Que como eu vagueiam
Nesta selva de pedras



Vejo como tenho saudade
De te ver saudoso
Garimpando o passado honroso
De inúmeras lições de vida
Embrenhando-se nas quimeras
Do passado
Desbravando os mistérios da vida

Lembro que ao pôr-do-sol
A agitação te assola o comportamento
Atiçando teus desejos conotativos
Nos meios aonde possivelmente
Transcendem teus raciocínios

Transfere tua agressividade
Para as batalhas dos teus sonhos
Estes tantas vezes
Destrinchados pela espada
Gélida de tua sabedoria

Que teus delírios
Sejam doces e tranqüilos
E te tragam a paz
E alegrias
De alucinados fatos não vividos

Se para observar
A dinâmica constante
Do dia a dia
E sentir o pulsar das horas
Que beba então o presente
Na taça de insônia

Não se canse de se sentir
Um homem que sabe que sabe
E como tal não altere o apetite
Por saber insaciável

Por tanto
Quando sentir-se deprimido
Saibas que teu filho
Eis pra ti como um escudo
E que naturalmente e por amor
Trocamos de papel.

Guálter Alencar

De fato minto
E mentirei até
Que essa mentira torne-se verdade
Pois se é verdade que mentindo ou não
Não mudo o fluxo dialético
Da realidade
De qualquer forma
A mentira e a verdade
Nos sufocam
Por tanto minto e minto
Verdadeiramente em dizer
Que não sinto nada por você.

Guálter Alencar
IMAGEM: Juarez Machado

quinta-feira, 8 de outubro de 2009


Voluptuosa a sorrir do mundo
Da pressa mecânica da vida
Da solidão encantadora
Das horas

Deixa que eu lance um olhar
Que te queima a pele
Um olhar fugaz
Que arde em teu corpo
Como um raiar
De uma manha de abril

Permita-me contemplar
Os guizos tilintando
Em seu suave tornozelo
E as formas do teu corpo
As mais belas curvas
Que com gracejo
A natureza moldou

As cadencias de meu coração
Arranca-me
Com a sutileza de tua voz
Que rompe o silencio
Do meu ser

Não nos permitamos que no anoitecer
A solidão abrace-nos
Que nossos afagos
Se percam nos labirintos da saudade

Eu falei que desejava
A calma da noite
Mas nunca sua escuridão
De ausência

Permita-me em teus
Braços delicados
Esconder-me
Como uma criança
Protegendo-se na mãe
Que eles sejam
Como um duplo escudo
De firmes certezas

Dê-me um sorriso lindo
Que desabroche
Com um fugor
De outono em flor

Inclines o rosto
Para que eu possa
Segurar em tua trança
E embriagar-me
Com o cheiro
De um jardim de lótus
Que inunda teus cabelos
Negros como a noite

E que eu a tenha
Sempre assim
Simples

Que tu sejas
Um moinho de beijos
No rio de ternura
Que arrebenta
As margens de meu coração!

Guálter Alencar

segunda-feira, 24 de agosto de 2009


Retornas aos átrios
De minha vida
Enchendo com tuas súplicas
Os cântaros do meu coração.
E a até então o barco
De meus acontecimentos
A anos ancorado
A contemplar aquela
Suave passagem do tempo
Prepara-se para receber-te
Como a noite seus mistérios
Com a tua musica
De incontáveis cítaras
E teu cheiro
De um grandioso jardim
De segredos
Ilumina a escuridão
De minha morada
Com tua imagem
Como a luz de uma lamparina
Que desbrava as trevas
Do desconhecido
E toma meu coração
Sem juras nem ofertas!

Guálter Alencar
imagem:Dali

domingo, 9 de agosto de 2009


Amantes

Avante amantes
Todos que amaram e amam nesta vida
Marchemos a um novo horizonte!
A uma nova concepção de vida!

Vamos edificar
A naturalidade de amar,
Não mas meu amor,
E sim amor,
Grande amor,
Pois o ter traz a dor,
A dor de não ter,
A dor de querer e não puder,
De puder e não querer ser dono do seu amor,
Se eu te amo
E tu me amas
É o bastante,
O resto é distante!


Guálter Alencar

sábado, 8 de agosto de 2009



Nos perdemos

Nas entranhas do desejo

A maça se fez parte

Principal do desfecho

Entraram nas raízes

Fixadas na profundidade do tempo

O combate da razão!

E nos perdemos

Na escuridão do ego.

Na medida que o habito

Nos enforca

Ecoa em nossos corações

O inferno dos homens

A solidão!

Como aves no amanhecer

fervilha em nossas mentes

nossos demônios!

E fugimos para o circulo do vazio

Evidente q o nosso carrasco

Nos protege de nós mesmos

Nos dando colo e ouvidos

Iluminando essa estrada

Em busca de sentidos!


Guálter Alencar

Imagem:Tou Louse

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


Enche a taça do meu coração
Com tua benevolência
Dai-me um sufoco de um beijo
Que transborde alegria
Das janelas de minha alma gentil
Que teu sorriso ilumine
Com a calma de uma manhã de inverno
Meu jardim de pensamentos
E que eu possa colher com o teu canto
A paz que desejo
Que teu cheiro de rosa de botão
Inunde meu corpo
E a seiva de tua vida
Espalhe-se pela minha
Por longas primaveras.

Guálter Alencar

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Quadro-arthur rackham
Abandonastes o doce caminho

Pelo atalho do bosque sombrio.

Os pássaros, a calmaria da estrada

Pelas sinuosas veredas desconhecidas.

Quisera chegar ao ‘’fim’’Sem compreender o significado do ‘’começo’

’E com a ânsia de vive-lo

Abandonou a estrada

Andastes maravilhada

Tocando sua doce flauta

Canções que despertavam a floresta

Passo a passo a receber as flores e perfumes

Que com gracejo a floresta oferece aos andarilhos

Procurava forças para continuar

Até q de súbito com o retumbar da consciência

Compreendestes que na escuridão da floresta

Não levaras ao ‘’fim’’ desejado

E que os gracejos são só e para os andarilhos

Mas andastes dias e dias

E o caminho a prostrasse no infinito dos dias

Não encontraras mais porque encheste de flores,matos e fruteiras

Igualando-se assim a sua floresta

Portanto deixou de ser o seu antigo caminho!

Guálter Alencar

Somos escravos das palavras,

Dos gemidos,

do limitar de nossos corpos

Quisera eu fundir-me a ti

Sermos um corpo só

uma só alma,

Um estrondar de sentimentos,

Um trovão rompendo o silencio

Do espaço causado por m raio

De intenso amor

E exalar desta união

O mais fino tempero

Que se espalha a esmo

Pelo mundo de apelos

De quem ama

Como o amor e a dor se fundem

A dor de querer,

de querer e ter

E ter que querer sempre mais, mais e mais.

Guálter Alencar
quadro: jackVetriano
A noite ao deitar enfadada no sofá de lembranças
Escuta o silencio, ele é sincero
Cansada da verdade da noite,
Da promiscuidade social
Aonde as noites são lindas
O manto negro estrelado
Cobre as horas de solidão coletiva
Embaladas pelos sons de desejos
E de olhares fantasiosos.
Deita teu corpo de cera
Impregnado de cheiros
De cigarro, álcool
E perfumes alheios.
Desata as sandálias da beleza
A esta hora já não mais lhe servem
Tens agora só o silencio
E este não incomoda-se
Com tua aparência
Usa-as para derrubar as cinzas
Do derradeiro cigarro
Desmancha o penteado
Deixa os sedosos negros cabelos
Assentar-se em suas formas.
Deitada estática
Como um anjo torto
Olhar perdido
Deixa cair uma lagrima
Será de sono?
Ao virar-se de lado
Como quem quebra um encanto
Da o ultimo suspiro a ausência
E debanda-se ao mundo da liberdade!

Guálter Alencar

quadro: jackVetriano